terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dubai – O que é isso?

 



 
        Dá uma olhada nessa imagem.
        Recentemente assisti a um filme de marketing falando sobre Dubai e não contive em falar a respeito.
Faça de conta que você está atravessando a passarela rumo a uma das suítes mais sofisticadas do mundo e tente (eu disse TENTE) imaginar a sensação que dá entrar numa banheira perfumada com pétalas de rosas, torneiras de ouro, massagens, bebida sofisticada e um serviço de gourmet dos Deuses.

Imaginou? Pois é... então acorde, porque vai ficar só na imaginação.
Vai se conformando com a sua piscina Tone comprada nas Casas Bahia em 36 prestações de não aguentar mais. Saboreie o churrasquinho chamuscado de fumaça e beba muita cerveja servida diretamente na lata ou no copo de requeijão, feito na beira do muro enferrujado do corredor ou da laje do seu “puxadinho”. Mas como você é um pobre sofisticado, certamente você nunca experimentará uma bebida em Dubai, já que se acostumou com o seu sofisticadíssimo Gummy. Não estou me referindo àqueles ursinhos boiolas da TV não. Estão falando do “seu” Gummy: mistura de vodka vagabunda e tang, apreciada em festas do seu “naipe”, principalmente de aniversário, onde, no final, você controla o que a galera comeu e depois soma os presentes recebidos para ver se a festa não deu prejuízo. Éééééé. Você é muito esperto!

        Comer num dos hotéis de Dubai não passa nem pela sua imaginação, principalmente para quem está acostumado à famosa, amiga e inseparável companheira Marmita!
        A marmita continua sendo um dos tops da pobreza composta de Angú com carne moída ou salsicha picadinha regada no extrato de tomate. Ou, ainda, no famoso mexidão último grau, que é para aproveitar o que sobrou do dia anterior. Jogar fora prá quê, não é mesmo?
        Mas não vou ser tão mau assim, nem tampouco vou comparar com as especiarias de Dubai aquela coxinha de galinha que só tem massa, frita em um óleo tão velho e fedido que dá até ânsia de vômito. Mas o costume leva você a apreciá-la com um belo copo de “kisuco” que quase não tem força para sair da garrafa de tão fraco e transparente, ou uma garrafa de tubaína, que ajuda “descer” o frango-assado com farofa comprado na padaria da esquina.
Enquanto você não conhece Dubai, o negócio é se conformar com a cesta básica recheada com toda sua potência de suprimentos de primeiríssima necessidade, tais como macarrão “goela de avestruz”, leite longa vida, sardinha coqueiro e um bolo Plus Vita.
        Quanto às massagens de Dubai... hááááááá que sensação. Igualzinho na sua casa. Já imagino a cena!
Sexta à noite, o carro sem “gasosa”, você duro, sem um puto no bolso, só resta mesmo sentar na varanda da casa da namorada e ela espremendo as espinhas das suas costas. Que coisa mais linda e nojenta!
        Sabe aqueles centros comerciais sofisticados dos hotéis em Dubai? Pois é... Não é pra você não meu amigo. O máximo que você consegue chegar perto é das “colegas” que vendem um perfuminho vagabundo “Contém 1g” ou “Cazo” de 10 merrecas – que você já acha caro – e sair todo perfumado dizendo que é francês. Não percebe que as pessoas perto de você nem conseguem respirar de tanto perfume que passou, pois o banho de balde e canequinha nem sempre cumpre com o prometido.
        Bom... pior que isso só mesmo frequentar loja de 1,99 querendo achar um presente legal pra namorada. Realmente você é uma criatura digna de pena. Mas não custa sonhar com as noites em Dubai.
        Depois de passar uma bela noite nas danceterias sofisticadas desses hotéis ou passeando dentro de uma limusine de 25 metros de comprimento, servido do melhor champagne, só mesmo o aconchego de uma cama super-hiper-mega-kingsize para repor as suas energias, afinal ninguém é de ferro. Ninguém aguenta tanta mordomia, sofisticação e fartura.
Mas é claro que a sua realidade é outra. Seu negócio é andar de busão, acampar em Ubatuba e ligar a cobrar para os amigos dizendo que está “na praia", na maior curtição! Finalmente, depois de “pegar” onda o dia inteiro na prancha de isopor resta-lhe a recompensa de comer um belo miojo e, finalmente, buscar o sono reparador naquele colchão grudento e sujo, fedendo a xixi dos filhos e sobrinhos da família, que neles dormiram até os 8 anos de idade.
Aprecie essa foto, porque é o mais próximo que você vai chegar desse sonho, meu amigo.

        Dubai é um dos sete emirados árabes reunidos desde 1971. Emirados, porque cada emirado é um estado governado por um emir, título que recebem os soberanos mulçumanos. São produtores de petróleo, porém a produção já é prevista para se esgotar nas próximas décadas. Com isso, os dirigentes transformaram o antigo e modesto posto de mercadores em um imponente centro de comércio e turismo no Oriente Médio.
        Com hotéis modernos, competições esportivas internacionais, áreas específicas para atração de visitantes, como o centro de comércio internacional, pista de esqui na neve ou passeios nas dunas do deserto, além de usufruir da hospitalidade dos beduínos, não é um passeio para simples mortais.
        O que os emirados estão fazendo, ou seja, investindo no turismo internacional, determina o pensamento no futuro, já que a sua principal fonte de renda, o petróleo, está se esgotando. Falar de turismo internacional, a gente pensa logo na Disneylândia, que já um grande passo para quem está acostumado a visitar o maior cajueiro do mundo no Rio Grande do Norte. Mas será que isso tem o mesmo sabor? Não! Não é assim que vejo a realidade projetada no marketing de Dubai. Vejo um sonho realizável somente por multimilionários, e não para simples mortais como a maioria esmagadora da população mundial.
        Como marketing, é um misto de ilusão e realidade, prazer, riqueza, bem estar, lazer e realização de qualquer sonho que um ser humano possa querer realizar. Para concluir em 6 palavras: Se existe um paraíso, é Dubai!
        Depois de tudo isso, melhor mesmo é imaginar aquela festa no quintal atravessado por arames (aqueles com roupas íntimas penduradas para secar), mesinhas de ferro, vinho sangue-de-boi, cerveja Belco e churrasquinho de gato. Dado o nível de sofisticação, não pode faltar a sobremesa: bolo do Prezunic com cajuzinhos ou o resto de bananinha de Paraibuna que você trouxe da última viagem à Ubatuba.
        Pra encerrar, só mesmo ao som altíssimo do funk “eguinha pocotó” com a vizinha bunduda dançando a coreografia.
        Um tiro na cabeça dói bem menos!
        Vai um guaraná Convenção aí?

        Tchau gente. Estou indo para Dubai!

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