quinta-feira, 20 de março de 2014

TEM QUE SER DE GRAÇA




Principalmente quando o assunto é trabalho espiritual, as pessoas em geral acham que não se deve cobrar por esses trabalhos.

Preste atenção: fazer um trabalho de graça, porque “eu quero”, não é necessariamente desvalorizar o meu trabalho, pois no fundo estou fazendo isso por algum motivo egoísta mesmo (investimento, reconhecimento, apresentação, fama, etc). Pior do que fazer de graça é cobrar menos do que você vale.

Quando você faz algo cobrando menos do que você vale, falta motivação. Motivação é energia e, portanto, você está em sentido contrário com as Leis de Prosperidade que segue um equilíbrio. Os orientais sabem disso. No oriente, quando se faz ou dá algo de graça para alguém, em contrapartida esse alguém faz ou dá algo de volta, mesmo que de maneira simbólica, para não ficar em débito. As ciganas quando leem seus baralhos, pedem pelo menos uma moeda de qualquer valor, em troca.

Essa é uma questão que está no nível subconsciente de cada um, porque aprenderam através da frase “dai de graça o que recebestes de graça”, sem levar em conta que não há ninguém que não possa pagar ou retribuir, de alguma forma, pelo que recebe.

Imagine que em novembro você olha na vitrine de uma loja e vê um artigo por 300 reais, mas não compra até chegar janeiro, quando o mesmo produto está em oferta por 100 reais, que está próximo do seu preço de custo. Então você pensa: “É claro que por 100 reais eles ainda estão lucrando”, sem levar em conta as despesas de manutenção da loja, pagamento da carga tributária, salários etc. Então você sai da loja com uma péssima imagem, como se a loja estivesse fazendo um assalto à mão armada, ou, no mínimo, pensando que estava lhe “passando a perna”. 

Por isso, às vezes é melhor considerar não cobrar de uma vez por todas do que dar um grande desconto onde o profissional perde motivação, podendo, inclusive, arranhar sua imagem com o cliente, que vai pensar sempre que foi ludibriado. Então, trabalhar de graça é sim um favor cujo benefício deve estar bem claro para o cliente, e que ele terá que ceder em algum ponto, para que haja fluxo energético em ambas as partes.

Por outro lado, vamos analisar melhor a consideração do parágrafo anterior: “melhor considerar não cobrar de uma vez por todas do que dar um grande desconto...”.

O Brasil tem uma cultura da “Lei do Gerson” (onde todos querem levar vantagem). A cultura escravagista permanece até hoje de uma forma velada, só o nome evoluiu: de escravo a empregado; de empregado a colaborador e, por fim, de colaborador a consultor de alguma coisa. Pouco ou quase nada mudou em nossa cultura financeira onde as pessoas, em nome de um salário, enfrentam de 4 a 6 horas a lentidão de um sistema de transporte caótico, para trabalharem “livres” em jornadas que chegam, em alguns casos, a quase 12 horas diárias, ganhando uma merreca para trabalhar feito loucos; onde em qualquer esquina tem sempre alguém pedindo algo, seja um favor, um serviço ou algum bem. Todos pedem e todos adoram receber.

Vários estudos, antes esotéricos, hoje metafísicos, perceberam que há uma aplicação lógica no plano concreto das ideias, que você pode compreender, ou seja, as Leis Universais não se adaptam a você, é você que deve se adaptar a elas. Por este motivo, pedir favores sem dar nada em troca, é cessar uma Lei Universal de equilíbrio, porque cessa o fluxo de energia. Por mais humilde que seja a pessoa, ela tem sempre algo a fazer por alguém em retribuição de algo recebido, seja através de uma palavra, de uma oração, de um sorriso. Metafisicamente, quando se recebe um bem, está recebendo matéria que, antes, ocupava um lugar no espaço que chamamos de Campo das Possibilidades Infinitas, o qual todos podem acessar. Portanto, o “nada” não pode dar origem a nada e, isto, será tirado de quem não retribui, seja hoje, amanhã ou em algum lugar no tempo.

Serviço é, pois, energia, favor é energia, emprestar meu tempo a serviço da Espiritualidade é energia e energia não surge do nada, portanto, deve ser cobrado porque dinheiro também é energia. Quanto custa aprender? O maior problema está em pessoas que vivem procurando um jeitinho de se dar bem, de ganhar sem retribuir, agindo como sanguessugas obsessoras usurpando favores, coisas e serviços, principalmente alguns amigos, parentes e clientes folgados que aproveitam desta condição e pensam que somos obrigados a prestar-lhes serviços profissionais, de graça. Basta estar em uma reunião social para que alguém encoste dizendo: “Doutor, quando dói aqui, é o quê?”; “Eu tenho um amigo que colocou a empresa na Justiça...”, e por aí vai.

Esse é um comportamento apoiado na crença de que a amizade é mais importante do que a atitude profissional, onde o despojamento esperado de nós é sinal de desapego. Ledo engano! Apenas estão nos usando e aviltando nosso profissionalismo.

Então, perca o amigo, o parente, o cliente, mas não sacrifique sua dignidade profissional com essa maldição de FAZER DE GRAÇA o que a maioria pagou caro para ter o direito de fazer.

Da próxima vez que alguém precisar de ajuda e disser que seus serviços não devem ser cobrados, sejam eles espirituais ou não,  responda com calma e tranquilidade: “Me dá aí uma ideia do que fazer para ajuda-lo que a gente executa o trabalho juntos”.


Getúlio Gomes
Pós Graduado em Gestão Financeira e Gestão Estratégica de Pessoas para Negócios, Psicanalista, Trainer em PNL e Coach Sistêmicos, consultor, palestrante, autor do livro “Sai desse corpo que não te pertence – Uma maneira divertida de exorcizar a autossabotagem”. Email: getulio.consultor@terra.com.br.
 



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